ESPETÁCULOS

2016 - Palavras Gestuais de Denise Stoklos

Um espetáculo que reune muitos dos espetáculos do Teatro Essencial, com a atriz e diretora sentada em uma cadeira em frente a uma mesa, com um microfone, lendo vários trechos, destacados trechos que mostram o sentido de cada peça, durante 60 minutos em que se viaja entre humor, tragédia, comédia, drama, narrativa, versos, adaptações de mitos, sempre buscando trazer a "gestualidade" que há nessas situações através das palavras, sem que o espetáculo se torne apenas uma experiência verbal em nenhum instante. Foi estreado neste formato e com sucesso no Festival Internacional de Teatro de Curitiba de 2016.

2014 - Vendo Gritos e Palavras

É um recital de poesias baseado em adaptações de textos de Julio Cortazar com textos sobre o absurdo da vida cotidiana enquanto regrada por valores de uma vida pequeno burguesa que coloca a aquisição de bens como valor principal e o consequente esvaziamento do ser humano. Estreou em novembro de 2015 no Teatro do SESC CONSOLAÇÃO. Autoria, tradução e adaptação, criação de luz, sonoplastia, coreografia e interpretação solo: Denise Stoklos Fotografia e direção de arte: Thais Stoklos Figurino: UMA

2012 - Carta Ao Pai

A partir do texto de Franz Kafka que constitui-se da carta que escreveu a seu pai, mas sem nunca ter tido a coragem de enfrentá-lo enviando esse texto que mostrava o quanto a severidade de seu pai foi nociva a sua educação e sensibilidade. Aqui Denise faz uma adaptação, declarando em cena "meu pai foi muito bom então tive que fazer uma metáfora, aqui o pai opressor é o Brasil e o filho oprimido é o brasileiro". Assim a obra adquiriu um senso político e fugiu da intenção primeira do autor, possibilitando uma peça de muita expressão corporal e intensa conclamação à justiça em geral. Autoria, tradução e adaptação, criação de luz, sonoplastia, coreografia e interpretação solo: Denise Stoklos Fotografia e direção de arte: Thais Stoklos Assistência de direção: Caetano Pimentel Cabelo: Eron Araújo Iluminação: Aline Santini Figurino: Gilda Midani

2011 - Preferiria Não

O espetáculo de Denise Stoklos “PREFERIRIA NÃO?” tem a base no texto de Herman Melville, “Bartleby, o escriturário, de 1853. A dramaturgia que transformou o livro em teatro foi desenvolvida dentro da estrutura da “fita de Möbius”, sob o enunciado que a parte de fora e a parte de dentro são contínuas. A estrutura da peça segue o dentro/fora da “fita de Möbius”, no sentido de mescla do texto de Melville com a biografia da performer, capa e contracapa da performance. O espetáculo abre e fecha com a representação de um simples “movimento do mundo” que pulsa independente de tudo. Uma vez que o livro começa com uma frase presente em todas as traduções: “já sou um homem de uma certa idade.” a primeira frase da performance remete à atriz, que, ecoando o livro, diz: “tenho 60 anos,” e em seguida menciona a data de seu próprio aniversário, retomando a segunda frase do livro que refere-se “ao meu trabalho de advogado” (que é o trabalho do narrador do livro). A alavanca da “fita de Möbius” entra em funcionamento. Movimenta-se toda a máquina da performance dentro dessas primeiríssimas menções: o caráter “duplo contínuo”, aqui é o performer e o personagem, e o personagem e o performer, sempre a fazerem-se ecos ou “sombras” entre si. Este jogo não sai mais de cena, só se especializa, se sofistica, se replica e triplica. Daí, por exemplo, encenam-se neuroses do narrador (ou seria da performer?) em primeiro plano, embora não constem no livro, como um panorama dos “efeitos” de uma sociedade sem amor. O dono do escritório tem delírios de baixa estima e alta estima, ambas na mesma medida extrema, o que impede matematicamente qualquer real “auto-estima”, sempre entremeada por uma hipocondria sobre sua vida mental e neurológica (também não consta no texto original, seria uma expressão da nossa contemporaneidade?) A escolha dramatúrgica de que o personagem-título que diz: “PREFERIRIA NÃO?” (sem a interrogação, pois esta pertence à performance) ter sua vida acabada em um hospício e não em uma prisão (como no livro) é provinda do aggiornamento, um conceito de Umberto Ecco, que nos leva ao vivo trabalho de Jean Oury e outros da Esquizoanálise na qual o status quo é o “enlouquecido”. O “enlouquecedor” sistema consumista não coloca em prisões os “fora da lei”, mas coloca-os em “casas de saúde mental” (instituídas como tal, ou por representantes delas que segregam os contestadores) os que “preferem não” ser continuistas do establishment esvaziado de sentido para a vida. “Bartlebly prefere olhar para a parede” poderia ser o nome da performance (em evocação de um ato revolucionário atual, atualizante e atualizador) que costura o livro à peça.

2007 - Cantadas

Esta foi uma experiência apresentada em 2004 no Espaço da OI FUTURO no Rio de Janeiro, que mesclava poesia e música, com direção de Antonio Abujamra, música e presença cênica cantando André Abujamra. Era uma montagem que relembrava as obras vanguardistas dos anos 80, em suas buscas por caminhos novos e que procurassem atravessar os conceitos já estabelecidos do que deveria ser respeitado como música ou como poesia, apresentando um trabalho energético de várias cabeças, demonstrando os processos.

2007 - Denise Stoklos Em Teatro Para Crianças

Aqui, uma inauguração notável: pela primeira vez em trinta e nove anos de experiência profissional ininterrupta, a atriz/autora/diretora adentra o território cênico infantil. Trata-se de uma espécie de "tradução" de parte de seu repertório sobre o próprio meio, o teatro, à linguagem infantil. Para a experiência, cercou-se de jovens começando por Thais Stoklos, sua filha, que é responsável pelo projeto visual e por Ricardo Herz, arranjador e violinista das cantigas de rodas que nos conduzem desde o início do espetáculo e também ao início de nossas vidas: o caminho sem volta lúdico, redentor e grandioso da metáfora.

2004 - Olhos Recém-Nascidos

Em novembro, impulsionada pela morte de meu pai, eu havia começado a escrever um texto sobre morte e vida, fins e recomeços. Pensei que, desafiando-me desta vez, mínimos deveriam ser meus movimentos e máxima a tentativa emocional com o público, como eu sempre quis, só que desta vez desprezando qualquer efeito de movimentação, baseada tão só na narrativa. Praticamente lendo um papel, sentada numa cadeira atrás de uma mesa, quase como Spalding Gray.A tragédia da vida dele realizou-se e eu continuei minha busca. Era inevitável que meu impulso se transformasse numa homenagem à dramaturgia daquele homem tão confiante na emoção do som de suas palavras. Fui adiante.Quis falar também do envolvimento de cada um com sua profissão. Usei-me para isso. Espero que valha a pena. Estou me arriscando no desconhecido.

2001 - Calendário da Pedra

A estrutura do texto vem originária de um poema de Gertrude Stein chamado " Book of Anniversary " e mostra - por meio de um aparente diário anual - pensamentos, emoções, ações próprias relativas mais ao interior do personagem que ao tempo cronológico. Aparecem através do desenrolar do tempo questões não qualificadamente mais ou menos importantes, já que é uma homenagem ao ser, livre em sua gratuidade, mas com legitimidade. Contesta o sistema social em que vivemos, onde os valores dependem sempre de sua utilidade prática ou de rendimentos concretos. Aqui nosso personagem único depara-se com momentos diversificados dando-se a permissão para que aflore o que está no seu íntimo, mas no íntimo coletivo, no subconsciente da natureza humana e que reveste-se surpreendentemente de momentos grandiosos, assim como de outros simples, mas todos igualmente vitais. Assistimos a um personagem acossado por lembranças, aspirações e escolhas sem que este se encontre em momento fatal, terminal ou dramático, mas por expor nossa vulnerabilidade e delicado arbítrio torna-se, assim, a nossos olhos dramático, terminal e fatal. Espontaneamente vai sendo requisitado a discutir buscas humanas que nos irmanam no reconhecimento do amor como significado primordial da vida, a descoberta e entrega vocacional que é redenção à existência de qualquer indivíduo. Com seus particulares desejos e angústias, o personagem se relaciona com o tempo, ora fisicamente, ora transcendendo-o e criando suas prioridades não convencionais, abstendo-se de uma narrativa realista, não de "um certo alguém", mas de "todos nós". Regendo sua vida por confrontar-se sem trégua, este ser humano em foco reflete agindo acerca de sua história, mas sempre em busca da capacidade de se comunicar melhor consigo mesmo e com o outro.

2000 - Louise Bourgeois - Faço, Desfaço, Refaço

Quando estreei esta peça no Teatro La Mama em NY, em fevereiro de 2000, Louise tinha 89 anos. Hoje ela tem 93 e está felicíssima que a performance será apreciada no Brasil. Afinal, aqui está de volta, trabalhando no Rio, Paulo Herkenhoff, uma das duas colunas(o outro é Jerry Gorovoy seu assistente em NY) que sustenta, dialoga, eleva Louise e que ela ama apaixonada, poderosa e enternecidamente. Vi cenas de convivências entre eles, de raríssimo esplendor. Tal o grau de arte, engenho de relação, reconhecimento do outro e volume denso de qualidade em tudo que tocam. Saio sempre dessas reuniões extenuada no meu máximo, pela alta voltagem vivida, porém acendida de um fogo que me queima sem descanso as entranhas do pensar e ilumina dias e noites incessantes do meu agir. E eu sempre volto lá. Adicta, preciso daquela dose de vitalidade na crueza das mais cruéis e fatais. “Você gosta de mexer com dinamite”, diz minha amiga Tracey Moffat, a genial fotógrafa australiana que me apresentou os escritores de Louise que afinal me levaram a querer incorporar a artista forte, sábia e livre, no palco. Eu não poderia ter sido auxiliada por melhores demiurgos do que estes: Tracey me apresenta, por viés, o monstro sagrado e Paulo convence, por voz ativa, a amiga a conceder em participar do empreendimento: montar uma peça com textos dela, eu “sendo” ela e com cenário de sua autoria. Não é de meu feitio então não me disfarço de Louise para usar o palco. Uso textos dela que entendo que entendi e assim os apresento. Foi esse o processo de montagem. N casa dela, nos domingos, quando ela recebe quem quer encontrar-se com ela, eu lhe apresentava o que havia escolhido ensaiar. Duas câmaras ficam ligadas o tempo inteiro nas reuniões de domingo(uma delas fica móvel, na mão de Pouran, a videomaker que invade em closes muitas vezes manifestadas por intervenções fortes, talvez por confusa contaminação, naquele instalado ringue). Nesses momentos eu exigia que desligassem as câmaras (é que implico, não acredito que o vídeo possa reter a energia cênica daquele preciso momento: pior, pode compromete-lo). Mas Louise não se importa com ninharias, está engajada no seu grande embate. É nele que vem o golpe: a gente é rebaixada à gente mais gente mesmo, com o testemunho de todos os presentes e tudo re-visado por nós pela consciência comum do voyeurismo das câmaras. Sagaz, essa Louise. Só quem se levanta depois de atingir um estado basal ela reconhece para que volte no próximo domingo à tarde. Os outros, provavelmente incendiados nos egos ou perdidos pela falta de autocrítica, deixam escapar a chance e se vão humilhados, sem o melhor: o despojar-se de toda moldura, o mostrar a pincelada no ar, a martelada no vazio, o grito primal quer seja numa folha, numa tela, numa escultura, num filme, num projeto, numa peça, mostrada ali, na pequena sala cheia de livros que acolhe o caldeirão radioativo de uma Sherazade-Esfinge, enigma do belo que é o real, no aparentemente inofensivo epicentro numa rua qualquer no Chelsea.

1999 - Vozes Dissonantes

O espetáculo aborda expressões de filósofos, estetas, políticos, poetas, de figuras como Padre Antônio Vieira se manifestando contra a escravatura, passando por análise do papel de Tiradentes, manifestações de José Bonifácio, idéias de Milton Santos e outros que nos inspiram com sua coragem autoral a criação de novos rumos para uma sociedade ainda tão jovem e plena de futuro. Espetáculo otimista porque acredita na ação, e reflexivo porque vasculha nossas momentos libertários e as vozes que os promulgaram, sempre com vistas em proporcionar fortalecimento de atitudes responsáveis e de transformação.

1997 - Desobediência Civil

Um espetáculo montado em 1997 que toma por base os livros de Henry David Thoreau: "Desobediência Civil" e "Walden", que divulga as teses de seu autor e também do filósofo Emerson, de prezar a natureza em primeiro lugar e amar o ser humano em suas características mais simples de sobrevivência, sem gastos excessivos nem destruição da natureza. Foi apresentado em inglês no Teatro La Mama em Nova Iorque e no Brasil em diversas cidades, em São Paulo no teatro Tuca com platéias lotadas e em outras capitais com repercussão especialmente entre os jovens que se identificam muito com o teor do espetáculo e sua filosofia.

1996 - Mais Pesado Que o Ar

O inventor brasileiro Santos-Dumont impressiona a quem quer que tome conhecimento de seus feitos e de tudo que envolve sua figura. Primeiro homem a criar, realizar e finalmente experimentar um aparelho mais pesado que o ar, que voasse sem propulsão externa. Foi além disso autor de muitas idéias especialmente originais que, ele mesmo, aplicava de imediato à execução. Com vitalidade e capacidade de realização rigorosas, comove pelo temperamento fundamentalmente poético de todas as suas resoluções. Padeceu de um vigor visionário, excentricidades, fortes decepções e isolamento-próprios de um ser de muita coragem, de farto exercício do intelecto e intuição rara. Personagem que, pela trajetória sem trégua de sua criatividade, trabalho e sensibilidade, reflete imensamente o temperamento artístico inerente ao brasileiro, e como tal pede resgate permanente à nossa memória.

1995 - Elogio

Esta montagem não é um estudo sobre o escritor argentino, nossa área não é a literatura. Antes, uma carinhosa homenagem, modesta e fervorosa mas sem dúvida aquém dos méritos imortais do poeta, onde só nossa expressão de afeto, sentimento tão prezado por ele, nos garante o risco de tal audaz intento.

1994 - Nina Simone Sings For Us

Foi uma experiência de vídeo e fotos feitas a respeito da interpretação da grande cantora, tendo Denise em frente de suas lentes uma atriz/bailarina/acrobata Tereza Freire sendo dirigida para "personificar" as expressões de Nina Simone. Foi uma obra mostrada no Instituto Itaú em São Paulo e no MOMA no Rio de Janeiro, com um espaço de exposições e reservados para projeção do vídeo e de slides. Foi a única experiência na área de direção de vídeo e de fotografia, com uma boa recepção e grande visitação do público.

1994 - Des-Medéia

O texto trata de uma desconstrução do mito de Medéia, que, após abandonar seu país por Jasão, mais tarde, abandonada por este, mata sua nova mulher, e os filhos que com ele havia tido. Coerentemente com o teatro de Denise Stoklos, que se refere sempre à essência das metáforas, o plano aqui é abordar o momento em que Medéia está sob o signo da falta de vínculo - o momento em que não ela não tem passado para onde retornar (ela havia traído sua pátria e sua família por Jasão), e não tem mais presente (Jasão, que a está abandonando, é afinal e em última análise seu companheiro ideológico). Só que aqui, nesta abordagem, nesta DES-MEDÉIA, ela não assassina seus frutos (seus próprios filhos), nem sua contestação (a noiva atual de seu marido). Aqui, ao inverso, ela vive sua dialética aspirando por um futuro de síntese. Aqui, ela é uma metáfora de todos nós brasileiros, que neste momento histórico nos encontramos sem nossos vínculos - não há lembrança inspiradora de pátria, de ideologia que nos conforte, a dissolução de nossas instituições políticas nos assalta. Nos intimida a desumanização de nossos valores com que diariamente temos de nos adaptar para suportar as diferenças sociais, a miséria, a violência e nos confunde a esperança por mudanças a um tempo viável para a brevidade de existências. No entanto, acima de tudo, sabemos que há de se lutar pela afirmação de nossas vidas, pela preservação de nosso espírito, pois, afinal, todos reconhecemos que viver é feito nada mais nada menos que do desempenho da nossa capacidade de maratonistas, de quão longe delegaremos no final de tudo, esse bastão sagrado do espírito ao próximo.

1993 - Jardim de Meteoros

Esta foi uma outra experiência única, pois foi um show de música composto, tocado e cantado exclusivamente por Denise. Estreou no Festival of Water, um festival de verão de música em Estocolmo, na Suécia, então inteiramente em inglês e com o título de GARDEN OF METEORS. Anos depois foi mostrado em apenas duas sessões no Teatro de São Luiz em 1991. Esta foi a única experiência com composição de música e canto das suas próprias canções, estando tudo arquivado em seu Acervo, desde os processos até a edição final - isso tudo foi feito por ela mesma. Espetáculo: Música, Letras, Arranjos, Mixagem, Edição, Vídeo, Coreografia, Direção e Canto: Denise Stoklos.

1993 - Amanhã Será Tarde, Depois de Amanhã Nem Existe

Este foi um "romance em vertical" porque escrito em forma de versos, e montado inicialmente no Teatro João Caetano no Rio de Janeiro, mas sem que trouxesse satisfação artística para a autora que resolveu fechar a temporada, remontar o espetáculo inteiramente e reestreiá-lo no Festival Internacional de Teatro de Curitiba de 1994 na Ópera de Arame, onde ganhou, por eleição de voto popular, o título de melhor peça do Festival.

1992 - 500 Anos - Um Fax de Denise Stoklos Para Cristóvão Colombo

Espetáculo escrito e montado para as ocasiões da celebração do quinto centenário da descoberta da América. Uma visão do oprimido. Declara a criadora: Quis fazer uma peça sobre a América Latina do ponto de vista do conquistado. A estrutura herdada de exploração e desrespeito que repete-se infindavelmente. Uso os princípios de meu Teatro Essencial - corpo, voz e mente/intuição como base desse trabalho. Autora, na dramaturgia experimento através de um enfoque sócio-político como tema - a celebração de 500 anos do Descobrimento da América - uma subversão das conexões. Sempre com perspectiva de consideração à trama intrincada e inseparável entre o chamado geral e o chamado particular em nossas vidas, localizo o personagem latino-americano como um náufrago escrevendo o diário de bordo desta história caótica. Atriz, experimento o uso de técnicas corporais e vocais analíticas, alongando o fragmento, como tradução do campo de solidão do personagem náufrago cultural. Neste espetáculo exploro o mergulho na presença vocal e corporal de um único personagem: a cidadã latino-americana, que vive no vácuo de um buraco negro histórico, em luta por dignidade. Cenografia: Verônica França Iluminação: Annette ter Meulen

1990 - Casa

Trata-se de um espetáculo em que se observa um indivíduo, uma personagem, uma figura vivendo dentro de casa. Aprecia-se o ser humano sem apelo para uma importância maior que não a sua própria pulsação, suas possibilidades e dificuldades. A proposta é de se assistir generosamente a momentos nada mais grandiosos do que os momentos em que se está só. A linguagem é a do gesto e a da palavra, em radical uso da imagem e do verbo. O tom equilibra-se na alternância do trágico e cômico - não há censura para a personagem que se procura incessantemente. Esse exercício de busca flui na perseguição de todos os signos de identidade que estão ao seu alcance: seus pensamentos, sua imagem, suas propriedades, sua memória e sua intuição. Tudo é realizado dentro de uma perspectiva técnica de intensa concentração no impulso interno de ações e que vão além de uma lógica ou sentido aparente, banal. Trata-se de um espetáculo de uma hora e quinze minutos de grande entrega e vibração no palco e na platéia. A dramaticidade não nasce por imposição de efeitos ou artifícios mas pelo contrário, cresce na simplicidade, determinação e autenticidade do trabalho.

1988 - Hamlet em Irati

Dedicated to Jany and João Denise Stoklos Unearths Hamlet in Irati talks about roots. It concerns a small town in the south of Brazil, located in the middle of a valley, with lots of wheat fields where Ms. Stoklos was born and grew up. The author’s memories recall the idea of the third world countries isolation; the personality of that group of people splintered by the congealing of their wishes and dreams; and the desegregation of their culture. The perspective is always the realization of a precise (almost technological) and humorous technique (but with a critical vision), and never nostalgic. It is a theatrical, sociological and poetical essay about the desire for a new self-confidence. “I am searching for ‘The Essential Theatre’—theatre with a minimum of spectacle and maximum of content.”

1986 - Habeas Corpus

Com Habeas Corpus, dirigida por Antônio Abujamra, ela se coloca a nível de transmitir sentimentos e emoções de forma diversa, sem jamais impor conceitos ou dogmas que destruiriam, em essência, a proposta do corpo como elemento de união entre partes encaixadas num todo que, em última análise, pode ganhar a definição de arte cênica. Um espetáculo sem luxo, com iluminação correta e adequada, Habeas Corpus se inicia com um vídeo no qual Denise marcha, acompanhada de outros, seguindo policiais, onde os gestos têm papel fundamental e dramático no sentido próprio do termo, isto é, a realidade que permite várias leituras, sendo a primeira a de provocar emoção e desencadear sentimentos profundos, sem se deter na graça ou tragédia, mas à procura de um caminho que leva a novas vias ainda não percorridas.

1982 - Elis Regina

Esta peça foi criada em 1992, no final do mesmo ano em que perdemos a grande cantora gaúcha. Foi uma homenagem já que Denise Stoklos neste ano trabalhava em uma peça de Antonio Abujamra cuja assistente de direção Patrícia Figueiredo era afilhada de Elis Regina e pretendia apresentar as duas artistas. Como isso não aconteceu Denise decidiu montar o espetáculo composto totalmente de canções por Elis Regina com a intenção de interpretar a emoção da cantora na emissão das palavras e das melodias. Não havia uma palavra dita pela atriz. Foi um solo que viajou pelo Brasil por dois anos, tendo grande aceitação do público. Espetáculo: Música, Letras, Arranjos, Mixagem, Edição, Vídeo, Coreografia, Direção e Interpretação: Denise Stoklos Canções interpretadas por: Denise Stoklos Direção e Canto: Denise Stoklos Iluminação: Hugo Peake

1982 - Maldição

É o novo trabalho de Denise Stoklos que estréia no Teatro São Pedro, dia 27 de Setembro às 21 horas. Desta vez Denise apresenta-se junto com um grupo de mímica contemporânea formado por seus alunos. O espetáculo é composto a partir de sketches sobre o imaginário, revela momentos críticos do ser humano em relação ao poder, ao amor, ao sexo, a criação, ao pensamento e a cidade. É um trabalho que envolve técnica teatral, dança e especialmente a técnica mímica que flui na criação de ilusões e animação de estórias e emoções sem palavras. É maldito porque contradiz e investe contra o estabelecido. O desejo apaixonado de romper se expressa num rítmo quente, ardoroso e jovem. A escolha é trazer para o cotidiano a força do imaginário e o prazer da comunhão com o cósmico numa busca que vai além dos limites da dor, do improviso e explora as possibilidades fantásticas de uma reorganização interior e vislumbra o acontecer de uma outra dimensão de bem estar social. O espetáculo abre com Lady Macbeth convidando os espíritos para que fortaleça, pois disse Shakespeare “tudo é perdido se o desejo é partido”. Visita individuações na cidade e a dificuldade de amar e da entrega. Destacam-se três mulheres da música: Billie Holliday, Janis Joplin e Nina Hagan, vêm com suas décadas e suas criações. Hai Kais são ditos com um enfoque de delírio, o único coerente na busca do raciocínio ligado a palavra e que transcende o objeto. Maldição é um espetáculo de tese, de mímica contemporânea que não aceita descrever ou psicodramatizar literatura. Quer dar à platéia o grato sabor de reviver a pergunta original e básica para qualquer movimento: “o por que”? Elenco: Denise Stoklos Carolina Macedo Eli Dariy Gisela Arantes Eduardo Marques Júlio Sárkány Mariana Monteiro Ramon Vivas Rosangela Silva Participação Especial: Bete Coelho Fernanda Abujamra Direção: Denise Stoklos. Assistência: Fernanda Abujamra. Iluminação: José Rubens Siqueira. Figurinos: Fernanda Abujamra. Gravação da Fita: Tunika. Divulgação: Linda Mello – Sérgio Fiker. Massagista: Ney.

1980 - One Woman Show

Baseada na experiência de quatro anos de mímica em Londres, onde criou um espetáculo muito elogiado, High Heels, a brasileira Denise Stoklos, no atual espetáculo do TBC, mostra sua versão de temas que vão da maternidade à ecologia, relacionando música e dança a fim de expressar fantasia, solidão, amor e opressão, “de um ponto de vista irônico e feminista”, segundo diz. Espetáculo: One Woman Show. This is a one-woman show created & performed by Denise Stoklos. Directed by Dee Welding. Costumes by Rebecca Nassauer.

1973 - Cadillac de Lata

Adaptação de um texto com o mesmo nome, escrito por Denise Stoklos para dois atores, montada em Curitiba e apresentada em cidades do interior de São Paulo.

1971 - Mar Doce Prisão

Essa peça foi uma das primeiras escritas e relacionava-se com a aspiração de um presidiário em nadar a mar aberto pra livrar-se de sua prisão. Era uma metáfora sobre a força e resistência humana quando sua liberdade está em jogo: o ser humano será sempre vencedor se ele se dedicar à causa da liberdade!

1970 - Denise Stoklos in Mary Stuart

Este espetáculo estreou em 1987 no Teatro La Mama, em Nova Iorque, e desde então ten recebido internacionalmente os melhores elogios da crítica. Inspirado em vários textos sobre a rainha da Escócia, este trabalho é definido como estabelecimento das bases do que Denise Stoklos designa como seu chamado TEATRO ESSENCIAL, aquele que utiliza o mínimo de recursos materiais e o máximo dos próprios meios do ator, que são o corpo, a voz e o pensamento. Sozinha no palco, Denise é simultaneamente a rainha da Escócia, Mary Stuart - aprisionada e condenada à morte -, e própria prima, Elizabeth I, rainha da Inglaterra. Durante uma hora e quinze há muito humor, palavra e gesto, num espetáculo que não tem tempo cronológico, dimensão espacial ou geografia determinada. A encenação foge aos parâmetros convencionais do teatro. O cenário é o despojamento do palco. Paredes vazias, apenas uma cadeira em cena. Ali vemos Mary Stuart encerrada em uma masmorra. No instante seguinte, sem mudança de figurino, aparece a rainha Elizabeth I. Logo depois estamos na atualidade, quatrocentos anos após, em situação de poder, similar.

1970 - Vejo o Sol

Logo nas primeiras leituras de [Já vejo o sol...] percebemos as diversas linhas que poderíamos adotar. Depois de alguns estudos mais detalhados concluímos que a peça poderia tomar características simples, de colocação do texto no palco como havia feito Antônio C. Kraide, numa rápida direção (de quem ainda conservamos alguns subsídios que nos pareceram de boa plástica), como poderíamos reformular toda concepção anterior desse espetáculo. Ernesto e Hermínia não mais enganariam: desde o seu despertar o casal estaria desnudo aos olhos do médico e da enfermeira – seus assistentes (o público do teatrinho do casal), sua segurança (o papai e a mamãe), que, com certeza, salvariam Ernesto e Hermínia. O médico e a enfermeira, em última análise o mundo exterior que implacável os situa, através de uma estudada e fria psicanálise (a catársis que enfim a peça representa), deixam que eles próprios descubram a si dentro de sua própria neurose. Fizemos um Ernesto sempre total dentro de sua posição: fraco, imaginativo e por fim muito responsável. Quando vislumbram seu [[auto-encontro]], vimos uma Hermínia cansada, velha, abatida, realmente desgastada pelo esforço de fugir dela, da sua forjada segurança e daquilo que ela pseudo-solucionava. Essas caracterizações tornariam mais fácil uma direção sempre distanciada das coisas que Ernesto e Hermínia disseram até sua habilitação a um mundo que traz a aurora esperada, caso outra problemática a peça não levantasse: Se Ernesto é mesmo o judeu livre, se Hermínia acredita que o Homem é todo poderoso, se Ernesto era o elefante auto-destruidor, se Hermínia se reconhece Hermínia quando brinca de lua – de fato não se pode saber. O que importa é que a outros casais isso pode ser real e nunca um macete para solucionar problemas que possa leva-los a vislumbrar o sol redentor. O trabalho está aí. Agora nos retiramos com as devidas cãs que um trabalho pesado ingratamente nos retribui...com latidos de agradecimento. Elenco: Nano Bregato Denise Stoklos Írio Henzel Cilene Paiva Música de: Marinho. Filme de: Denise Stoklos com Néri Eich e outros. Iluminação: Airton Célio Barbosa. Edevaldo Campos. Direção geral: Severina Hmada.

1969 - A Semana

Segunda peça escrita por Denise Stoklos, montada com direção de Ari Para Ráio, Grupo Silvério dos Reis, Teatro de Bolso, com participação especial do grupo musical "A CHAVE".

1968 - Círculo Na Lua, Lama Na Rua

Primeira peça profissional escrita e montada na carreira de Denise Stoklos, para elenco e com sua participação também como atriz. Publicado em livro no ano seguinte. Seu primeiro livro. Elenco: Heloisa Rodrigues Vera Salamanca Wanda Cristina Raul Bianchi Denise Stoklos Joatan Ciro Camargo Tere N.N. Direção Geral: Denise Stoklos Iluminação: Cristóvão Tezza Sonoplastia: Gilberto CamargoMaquinista Chefe: Humberto Schaich

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